Casos Clínicos de NutriçãoPaciente com obesidade grado 2 com fadiga para fazer atividade física pós COVID
juan pablo garcia henao ferreira perguntou há 4 semanas

Paciente do sexo masculino com obesidade ll, relata que não faz atividade física por que pós COVID ficou com secuela de fadiga relata que sempre foi ativo no esporte e que agora não consegue sustentar uma corrida, além de isso começou a ganhar peso passou de 85 kg para 123 kg e não consegue mais disminuir sua rutina de alimentação é muito difícil já que prepara poucos alimentos e como muito por fora ele quer perder peso e voltar ao peso de antes qual seria melhor estratégia pra tratar com ele ?

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Especialista em Nutrição Dietbox Staff respondeu há 6 dias

Olá, Juan. 
 
Antes de alinhar uma estratégia nutricional, é importante compreender que a fadiga persistente é uma das manifestações mais comuns após a COVID-19, sendo relatada por cerca de um terço dos indivíduos mesmo 12 semanas após a infecção confirmada. Esse sintoma faz parte do quadro denominado Síndrome Pós-COVID ou COVID Longa, já reconhecido pela OMS. 
A COVID-19 também impacta a saúde mitocondrial. As mitocôndrias podem sofrer danos pela infecção, comprometendo a cadeia de transporte de elétrons, responsável pela produção de energia nos músculos. Isso contribui para fadiga, fraqueza e redução da tolerância ao exercício, quadro que pode ser agravado por sono inadequado ou nutrição deficiente. 
Essa fadiga relacionada à intolerância ao esforço físico é comum em pacientes pós-COVID, caracterizando principalmente a fadiga do músculo periférico. Por isso, é interessante o encaminhamento médico para avaliação da saúde cardiorrespiratória. A Sociedade Brasileira de Cardiologia recomenda o teste de esforço cardiopulmonar (TECP), ferramenta diagnóstica que permite avaliar a etiologia dos sintomas e mecanismos que possam estar limitando o exercício em doenças cardiovasculares e pulmonares. Nesse sentido, o acompanhamento multiprofissional é fundamental. 
Além disso, é importante estimular que o paciente se mantenha ativo e seja acompanhado por uma profissional de educação física.  
Em relação à alimentação, ainda não há um consenso específico para o tratamento da fadiga, mas sabe-se que uma dieta equilibrada é a base. Para isso, podem ser utilizadas as recomendações do Guia Alimentar para a População Brasileira (2014) como referência na conduta nutricional.  
Micronutrientes e vitaminas também podem auxiliar no manejo da fadiga, como a Coenzima-Q10, vitamina C, vitamina D e vitamina B12. O guia prático sobre fraqueza muscular pós-COVID (2024) sugere investigar deficiência de vitamina D e B12, hemograma, função tireoidiana, proteína C reativa, folato e creatinina, exames que podem complementar a avaliação da fadiga. 
Sobre alguns outros pontos relatados, sugerimos: 

  • Em relação ao preparo de alimentos: orientar sobre boas escolhas alimentares, como salada já higienizadas e prontas para o consumo, frutas comercializadas já cortadas, lanches práticos e marmitas congeladas saudáveis. 
  • Sobre refeições fora de casa: ensinar a composição de um prato saudável, priorizando locais com opções ricas em frutas, verduras e legumes. 

Portanto, a primeira estratégia é iniciar uma reeducação alimentar e promover mudanças de hábitos. Isso, por si só, já tende a trazer uma boa resposta clínica. A partir da melhora e da adesão do paciente, estratégias nutricionais mais específicas e avançadas podem ser implementadas. 
 
Referências: 

  1. CEBAN, Felicia; LING, Susan; LUI, Leanna M. W.; et al. Fatigue and Cognitive Impairment in Post-COVID-19 Syndrome: A Systematic Review and Meta-Analysis. Brain, Behavior, and Immunity, v. 101, p. 93–135, 2021.
  2. PAYNE, Rebecca; PRING, Tabitha; HEY, Molly; et al. Muscle weakness post-COVID: a practical guide for primary care. British Journal of General Practice, v. 74, n. 749, p. 573–575, 2024.
  1. MILANI, Mauricio; MILANI, Juliana Goulart Prata Oliveira; CIPRIANO, Graziella França Bernardelli; et al. Teste Cardiopulmonar em Pacientes Pós-COVID-19: De Onde vem a Intolerância ao Exercício? Arquivos Brasileiros de Cardiologia, v. 120, n. 2, p. e20220150, 2023.
  1. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Guia alimentar para a população brasileira / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – 2. ed., 1. reimpr. – Brasília : Ministério da Saúde, 2014.
  1. BARNISH, Michael; SHEIKH, Mahsa ; SCHOLEY, Andrew. Nutrient Therapy for the Improvement of Fatigue Symptoms. Nutrients, v. 15, n. 9, p. 2154–2154, 2023.
Giovana Fanhani Tessaro respondeu há 3 semanas

Oriente a realizar prato saudável quando comer fora (50% legumes e verduras, 25% proteína e 25% carboidratos);
Adicione nos lanches intermediários frutas que são facilmente consumidas e que não são tão sensíveis: Maçã, banana, caqui, pera, mexerica.
No horário de maior fome, adicione uma boa fonte de proteína (whey protein, barrinha de proteína ou bebida láctea proteica), isso ajudará a amenizar a fome e fazer melhores escolhas alimentares. 
Se ele tem condição financeira de comer fora, tem condição de adquirir um suplemento proteico e afins. Se ele consegue pagar para comer fora, consegue pedir marmitas prontas e de acordo com o plano alimentar para consumir no jantar e diminuir comidas pedidas por aplicativo.
Se chegar em casa morrendo de fome oriente a consumir/beliscar uma fruta enquanto prepara um lanche mais denso.
Caminhada 30 minutos 3x por semana é um bom começo para voltar a praticar exercícios.